Importação de café do Vietnã deixa produtores apreensivos no Sul de Minas

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: G1

Governo teria voltado atrás na decisão de autorizar importação do conilon. Representantes de produtores temiam reflexos no mercado interno.

Matéria extraída do G1

 

Cafeicultores do Sul de Minas estão apreensivos com a publicação das regras pelo Ministério da Agricultura autorizando a importação do café verde, o conilon, do Vietnã. A Frente Parlamentar do Café informou na noite desta terça-feira (21) que a autorização foi suspensa pelo presidente Michel Temer, após reunião com os ministros Antônio Imbassahy, da Secretaria de Governo, e Marcos Pereira, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

 

No entanto, a especulação em torno da possibilidade de acordo deixou os produtores preocupados. Eles temem prejuízos para o mercado interno. A compra havia sido autorizada a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), sob a justificativa de que esse tipo de produto está em falta no país.

 

Segundo a ABIC, o pedido de importação aconteceu porque o Espírito Santo, principal produtor da variedade conilon no país, teve problemas sérios com o clima em 2016, o que reduziu bastante a oferta de café.

 

"A indústria de café solúvel, que é a indústria do café torrado e moído, que usava normalmente 1 milhão de sacas de café por mês, não encontrou esse café especialmente em novembro e dezembro e ainda hoje esse suprimento do café conilon não passa da metade da nossa demanda mensal", disse o presidente da ABIC, Nathan Herszkowicz.

 

Com a decisão, as importações poderiam ser feitas somente do Vietnã e com o limite de 1 milhão de sacas. Para ajudar nessa negociação, até o imposto de importação seria reduzido de 10% para 2%. A situação gerou apreensão nos produtores e pressionou o governo.

 

Segundo o presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais, a medida é injusta com os produtores do Sul de Minas e, principalmente, das regiões produtores de conilon.

 

"Um produtor que produziu o conilon, que vendeu o conilon há anos atrás a preços entre 20 e 30 dólares, neste momento que ele tem uma safra menor, que precisa fazer um valor maior no seu café para continuar no campo, para que as lavouras se recuperam para 2018, nós importamos café é em detrimento desse produtor que precisa permanecer no campo", disse o presidente do CCCMG, Archimedes Coli Neto.

 

Segundo a Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite, outra preocupação é quanto à possibilidade de que novas pragas sejam trazidas para as lavouras brasileiras.

 

"No Vietnã tem uma praga, uma erva daninha chamada 'striga' e tem outros tipos de doença, outros fungos que podem estar embrionários, mesmo que se faça a desinfecção, a quarentena, esses fungos podem estar internos, intrísecos, embrionários no café e pode contaminar as nossas lavouras aqui no Brasil", disse Armando Mattielle, representante da Sincal.

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