Taxa de ocupação é baixa apesar do aumento da oferta de voos no Sul de MG

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: G1

Em algumas cidades, índice de lotação das aeronaves varia entre 31% e 40%. Embora percentual seja considerado baixo para o mercado, três municípios registraram melhora.

Matéria extraída do G1

 

Um levantamento realizado pelo G1 Sul de Minas, a partir de dados do projeto "Voe Minas Gerais" e de companhias aéreas, apontou que, em média, os voos que partem do Sul de Minas têm uma taxa de ocupação abaixo do esperado pelo mercado. Na região, a taxa média de ocupação das aeronaves registrada no mês de setembro não passa de 50,8%, mesmo com o aumento da oferta de rotas no último ano. Embora o percentual seja considerado baixo para o setor, três municípios registraram melhora: Varginha, Passos e Pouso Alegre.

 

De acordo com os dados da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), só os voos do projeto de integração regional 'Voe Minas Gerais' têm uma taxa de ocupação média de 43% nos aeroportos do Sul de Minas.

 

A iniciativa, criada em 2016, oferece rotas ligando 15 cidades do interior para a capital por meio de licitação com empresas de taxi aéreo. Os dados levantados levam em consideração o mês de setembro de 2017. Atualmente, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha e Passos oferecem esses voos disponibilizados pelo governo estadual. Mas Varginha é a única cidade que oferece, além dos voos do governo, uma rota disponibilizada pela Azul Linhas Aéreas.

 

Com a grande distância entre os municípios do interior do estado que possuem aeroportos, o problema histórico sempre foi encontrar linhas aéreas que ligassem todas essas cidades. Apenas algumas delas possuem pistas de pouso adequadas ou estão inseridas nas rotas das companhias.

 

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o Sul de Minas possui, hoje, pelo menos 13 aeroportos públicos e oito aeródromos. Entretanto, só em apenas quatro deles são oferecidos voos comerciais para outras regiões de Minas Gerais. Com a baixa demanda, a maior dificuldade tem sido lotar as aeronaves que saem dos aeroportos da região.

 

 

Situação na região

 

Em Poços de Caldas, a Codemig começou a oferecer os serviços aéreos no mês de maio deste ano. Desde 2001 a cidade não tinha oferta de voos comerciais. Porém, com apenas 31% de ocupação - a menor taxa de todas as cidades do Sul de Minas - a oferta de voos foi diminuída.

 

A taxa atual é menor que a registrada no primeiro mês do projeto no município, quando o índice era de 32,4%. Antes, as linhas eram oferecidas de segunda a sexta, e agora são oferecidas apenas três vezes por semana. Na cidade, as rotas são oferecidas para Pouso Alegre (MG) e para a capital mineira.

 

Em Passos, a taxa de ocupação também está abaixo do esperado, em 40%. Em novembro do ano passado, quando o projeto 'Voe Minas Gerais' começou no município, o índice era de 14,9%. Os voos são oferecidos para Araxá, no Centro-Oeste do estado e para Belo Horizonte.

 

Já as aeronaves que partem de Pouso Alegre têm 51% das poltronas ocupadas, contra 27% registrados há um ano. Da cidade, partem aeronaves com destino para Poços de Caldas, Varginha e a capital. Em Lavras, a oferta de voos foi cancelada devido a baixa demanda.

 

 

Voos de Varginha

 

No terminal de passageiros de Varginha, a taxa de ocupação nos voos da Codemig é de 50%, contra 11% em novembro do ano passado. Apesar da melhora, o índice ainda é bem abaixo dos 82% registrados no voo oferecido pela Azul Linhas Aéreas.

 

O aerporto da cidade opera voos comerciais desde os anos 1940 e também enfrentou momentos em que a oferta de voos foi cancelada. Um deles foi em 2014, quando os voos foram suspensos em após a incorporação da companhia aérea Trip pela Azul. Só no ano passado, com o projeto da Codemig, os voos voltaram a ser oferecidos para a cidade, com opções de rotas para Pouso Alegre, Poços de Caldas e Belo Horizonte.

 

"A importância do aeroporto está ligada diretamente ao desenvolvimento da região. O aeroporto é uma arma muito forte nas mãos das prefeituras que detêm essa administração", conta Rogério Evaristo, diretor do aeroporto.

 

Ainda em 2016, a Azul voltou para o município. No entanto, a companhia oferece voos na cidade apenas duas vezes por semana, somente em um horário e apenas para Belo Horizonte. No final de outubro, a empresa Passaredo Linhas Aéreas manifestou interesse em colocar trajetos de Varginha para Guarulhos (SP) e Belo Horizonte. A ANAC analisa o pedido, e caso aceito, a partir do dia 26 de novembro, os novos voos devem começar a operar na cidade.

 

Rogério ressalta ainda que os empresários levam em consideração as cidades que possuem aeroportos na hora fechar negócio. "As empresas quando vêm para uma cidade perguntam se o município tem voos comerciais e se o aeroporto está funcionando. Porque a maioria dos empresários não andam de automóvel, eles se deslocam muito de avião, porque é mais rápido, mais seguro e gasta menos tempo", explica.

 

 

Valor das passagens

 

Ainda em Varginha, os passageiros encontram uma grande diferença no valor das passagens oferecidas pelas duas companhias que prestam serviços no município. Os voos oferecidos pela Codemig possuem um preço alto em comparação com os voos oferecidos pela Azul. Uma passagem da cidade até a capital mineira oferecida pelo governo estadual chega a custar até 65,8% a mais que a tarifa cobrada pela sua concorrente, o que reflete nas taxas de ocupação.

 

De acordo com Anderson Martins, presidente da Associação Comercial e Industrial de Varginha, os preços mais em conta poderiam aproximar investidores para a cidade.

 

"Uma política de preços menores podem ajudar muito. O governo pode perder de um lado porque vão ter um valor menor na arrecadação, mas ao mesmo tempo uma fomentação de negócios pode ajudar o governo estadual na arrecadação de impostos, na geração de empregos e na própria geração de riqueza", conta.

 

Em contato com o G1, a Codemig informou que uma política de descontos foi criada para aumentar a procura pelas passagens. A empresa diz ainda que o objetivo do programa é criar um mercado de aviação regional no estado, visando a posterior transferência do serviço para a iniciativa privada.

 

A companhia informou ainda que o preço das passagens é definido de acordo com a distância percorrida em cada rota e conforme o valor de horas de voo estabelecido no contrato firmado com a transportadora aérea vencedora da licitação.

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