Fábrica nos EUA descartou milhões de doses da Johnson e da AstraZeneca

Publicado por Tv Minas em 07/04/2021 às 18h19

Fonte: G1

Governo americano interveio na unidade depois que falhas foram reveladas.

A empresa Emergent BioSolutions, que tem uma fábrica em Baltimore e "destruiu" um lote inteiro de até 15 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson nos Estados Unidos, também estragou cinco lotes do imunizante de Oxford/AstraZeneca que tinham entre 10 e 15 milhões de doses.

As duas revelações são do jornal "The New York Times", que descreve uma série de problemas na fábrica, que incluem contaminação, mistura de ingredientes de vacinas de diferentes fabricantes e desrespeito às boas práticas na fábrica, que fica no estado de Maryland (veja mais abaixo).

Após a primeira notícia, de que a empresa misturou ingredientes das vacinas da Johnson & Johnson e de Oxofrd/AstraZeneca e destruiu até 15 milhões de doses do imunizante a Johnson, o governo dos EUA interveio na fábrica, colocou a farmacêutica americana para administrá-la e proibiu a produção de vacina de Oxford/AstraZeneca no local.

A nova reportagem agora revela que cinco lotes da vacina de Oxford/AstraZeneca foram descartados entre outubro e janeiro (cada um com uma quantidade equivalente entre dois milhões e três milhões de doses) por contaminação ou suspeita de contaminação.

Além disso, outras 62 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson fabricadas em Baltimore "estão em risco", segundo o jornal, até que seja possível determinar se elas também foram contaminadas.

O "NYT" diz que a Emergent BioSolutions, uma empresa de biotecnologia conhecida por produzir vacinas contra o antrax, produziu cerca de 150 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 apenas na semana passada na fábrica que sofreu intervenção.

Mas até agora nenhuma dose foi usada porque os órgãos reguladores ainda não certificaram a fábrica para permitir que as vacinas sejam distribuídas e aplicadas.

 

Produção garantida

Apesar dos problemas, o "New York Times" diz que os problemas na fábrica em Baltimore não vão afetar o cronograma do presidente dos EUA, Joe Biden, de aplicar 200 milhões de vacinas até o dia 30.

Isso porque outros fabricantes estão produzindo muitas doses. Segundo a agência de notícias Associated Press, a Emergent BioSolutions é uma das cerca de dez empresas que a Johnson & Johnson está subcontratando para acelerar a fabricação de sua vacina.

O "New York Times" diz também que o erro com as milhões de doses da Johnson destruídas não afetou a aplicação do imunizante no país porque as doses distribuídas foram produzidas na Holanda.

 

Auditorias e investigações

Auditorias e investigações descobriram que a Emergent BioSolutions não seguiu alguns padrões básicos da indústria na fábrica de Baltimore e identificaram deficiências repetidas nos esforços para desinfetar e prevenir contaminação, segundo a reportagem.

O jornal diz que, embora auditorias sempre encontrem problemas, autoridades federais e especialistas dizem que o padrão de lapsos sugere problemas de qualidade mais profundos.

Uma auditoria conduzida para a AstraZeneca destacou os riscos de contaminação cruzada, que os especialistas acreditam ter sido responsável por contaminar as milhões de doses da Johnson & Johnson, segundo um documento confidencial ao qual o "New York Times" teve acesso.

As investigações também apontaram um problema persistente com mofo em áreas que devem ser mantidas limpas, má desinfecção de alguns equipamentos da fábrica, que levaram ao crescimento de bactérias e a aprovação reiterada de matérias-primas que não foram totalmente testadas, além de treinamento inadequado de alguns funcionários.

Procurada pelo jornal, a Emergent BioSolutions disse em um comunicado que estava cooperando com o governo americano "para resolver os problemas" e tem "um histórico comprovado como fornecedora de classe mundial".

A empresa disse também ter "programas rigorosos de segurança, qualidade e conformidade, que incluem programas, políticas e processos que permitem identificação precoce de problemas e meios para resolvê-los".

 

Vacinação nos EUA

Apesar dos problemas, os Estados Unidos são o país que mais aplicaram doses de vacinas contra a Covid-19 no mundo: 168 milhões, segundo o Our World in Data. Em seguida vêm China (145 milhões), Índia (87 milhões) e Reino Unido (37 milhões).

Em relação à população, os EUA administraram 50 doses a cada 100 habitantes, muito à frente de China (10,14) e Índia (6,31), que são os dois países mais populosos do mundo, mas muito atrás de Israel (117), Chile (59) e Reino Unido (54).

O Brasil aplicou 22,8 milhões de doses até o momento, o equivalente a 10,75 doses a cada 100 habitantes, segundo o Our World in Data. A taxa de vacinação do Brasil é menor que a da Mongólia (14,24) e da Croácia (12,60) e maior que a da Argentina (9,74) e da média mundial (8,90).

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