Hospital de Campinas usa pele de tilápia em crianças que nascem com dedos colados

Publicado por Tv Minas em 15/10/2021 às 14h47

Fonte: G1

Crianças beneficiadas nasceram com a síndrome de Apert, que causa deformidades no crânio e nos dedos.

Crianças que nascem com os dedos das mãos e dos pés colados, uma das características da síndrome de Apert, encontram agora uma alternativa de tratamento por meio da pele de tilápia. O Hospital Sobrapar, referência em cirurgias plásticas para pacientes com este e outros diagnósticos, passou a realizar o procedimento inédito no Brasil em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC).

O projeto das duas instituições prevê dez cirurgias - cinco delas já realizadas e com sucesso - e será ampliado. O hospital atua nas áreas de cirurgias plástica reconstrutora e crânio-maxilo-facial, atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também a pacientes em situação de vulnerabilidade socioeconômica de outros países.

"Ela [a pele] diminui o tempo da necessidade das famílias permanecerem em Campinas, diminui o número de curativos, que normalmente a gente troca todos os dias, e diminui a dor dessas crianças", explica o cirurgião plástico Cássio Raposo, vice-presidente do Sobrapar.

A pesquisa ainda vai levar seis meses até ser concluída. Para Raposo, a técnica como integrante no tratamento pós-cirúrgico para os que têm a síndrome vai tomar uma proporção maior, podendo ser usada em outros centros especializados mundo afora.

"Esse curativo ficou bem sequinho, ele não reclama tanto. A cicatrização foi incrível. Não vejo a hora de ele terminar, de ter os dez dedinhos", conta Luana Soares, mãe de um menino de 5 anos que fez a cirurgia e usou a pele.

Pele de tilápia em tratamento para ser usada em cirurgia no Hospital Sobrapar, em Campinas — Foto: Reprodução/EPTVPele de tilápia em tratamento para ser usada em cirurgia no Hospital Sobrapar, em Campinas.

 

Mais colágeno

A síndrome de Apert provoca deformidades craniofaciais e a sindactilia, que é a má formação nos dedos. A pele de tilápia entra na recuperação pós-cirúrgica, no lugar de curativos convencionais. Tem alta concentração de colágeno, que acelera e proporciona mais conforto na cicatrização.

Além disso, é um material facilmente encontrado no Brasil.

"Ele é o segundo maior peixe em cativeiro do mundo. Depois, a pele é um produto de descarte. Vão para o lixo 99%, 1% é usado em artesanato. Nós cativeiros em todos os locais do Brasil com uma produção gigantesca, e tem um ciclo produtivo muito rápido, em torno de seis meses", explica o cirurgião plástico Edmar Maciel, pesquisador da UFC que estuda o uso da tilápia em várias áreas da medicina.

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