Publicado por Tv Minas em 13/01/2023 às 10h42
A Karoline de Lima Moraes, de 27 anos, começou o ano de 2023 com um grande susto. Ela mora em São José dos Campos e no dia 1º precisou buscar ajuda para filho, Anthony de Moraes Silva, de um ano e 11 meses, após ele ingerir acidentalmente uma cola super potente e ter queimaduras de 2º grau.
A mãe conta que era para ser um dia tranquilo e de comemoração após a virada de ano, mas todo o planejamento se transformou em um grande desespero. Karoline, o marido e os outros três filhos estavam na casa de familiares, quando o acidente aconteceu.
“Estava amamentando a minha filha, sentada em um sofá. Anthony, que é bem arteiro, brincava no quintal e meu esposo segurava o portão para que ele não fugisse [para fora de casa]”, conta a mãe.
Em segundos, a criança entrou para o interior da residência e, em menos de um minuto, acabou ingerindo a cola que estava caída no chão, ao confundir com um franco de remédio.
“Uma sobrinha minha, que também estava na casa, viu o Anthony com o vidro de cola na mão e rapidamente gritou alertando a todos e trouxe ele até a mim. Nessa hora eu não conseguia pensar em nada, além de salvar o meu filho e retirar a cola de sua garganta”, completa.
Em um ato de desespero, mãe e pai tentaram retirar o produto da garganta do menino, com os dedos, e na intenção de que ele vomitasse. Vendo a cola secar rapidamente e a criança agonizando, os pais entraram em um carro e foram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Campo dos Alemães.
“No caminho para o hospital percebemos que Anthony estava incomodado com a camiseta que vestia. Vimos que a cola grudou na pele dele também e formou uma ferida. Tiramos a roupa dele e saiu na ‘pele viva’. No caminho, já comecei também a ver o meu filho desfalecendo”, relata.
O bebê recebeu atendimento médico de plantonistas e, segundo a mãe, eles utilizaram um tipo de tubo que puxava a cola para fora. Karoline informou ainda que foi preciso voltar para a casa, pois os médicos pediram a embalagem do produto, para identificarem a composição e gravidade contra a saúde da criança.
“Meu esposo estava tão apavorado que nem conseguiu dirigir. Precisei pegar o carro e, no momento em que deixei o meu filho no hospital, perdi o chão. Saí sem enxergar nada e gritando o nome de Deus, pedindo a ele para não levar o meu filho. Gritava, Deus, salva meu filho”, relembra a mãe.
Após cerca de seis horas de atendimento, o menino teve alta e a família voltou para a casa, segundo a mãe, sem qualquer orientação ou laudo sobre o estado clínico da criança.
‘Não disseram que meu filho teve queimadura de 2º grau’
No dia seguinte ao ocorrido, na segunda-feira (2), Karoline Moraes disse que seu filho teve febre e falta de ar. Ele foi levado ao Hospital Municipal, da Vila Industrial e os médicos avaliaram a criança com um grau de queimadura interna.
“As médicas disseram que meu filho teve queimadura de 2º grau e poderia ter tido também uma possível queimadura no esôfago. A boca dele e o local por onde a cola passou estavam cheios de feridas. Ele ficou internado, em observação, recebeu antibiótico que combateria qualquer infecção, inclusive as feridas do peito que estavam em início de inflamação”, disse Karoline.
Após o bebê receber alta, a orientação repassada à mãe era de que ela retirasse a pomada em um postinho de saúde e também itens para fazer curativos.
“Fui na rede pública para pegar a pomada, mas quando fui atendida disseram que já não faziam mais o curativo. Questionei, mas mesmo assim não fizeram. Pedi, então, o medicamento e informaram que não ofereciam na rede pública”, conta a mãe, em tom de lamentação.
A reportagem procurou a Secretaria de Saúde para comentar o caso, mas não obteve retorno.
Orientações de cuidados
Segundo a pediatra e alergista Johanna Simões Pires, nesses casos de ingestão de produtos químicos ou com substâncias cáusticas é sempre recomendado tentar identificar o produto e ligar, imediatamente, para o Samu (192).
Ainda de acordo com a especialista, é contraindicado que as pessoas tentem oferecer água ou leite para as crianças, na tentativa de ajudar a combater as reações que possam surgir.
“Não recomendamos induzir o vômito na criança, pois isso pode agravar ainda mais o quadro dela, ou mesmo oferecer água ou leite, que vão ajudar o organismo a absorver ainda mais o produto ingerido. A indicação é sempre levar ao médico o quanto antes e a embalagem do produto também, assim as chances de minimizar as complicações são maiores”, orienta.
Além disso, a pediatra ressalta também para os cuidados básicos, de sempre manter produtos que ofereçam perigo à saúde humana fora do alcance de crianças.