Publicado por Tv Minas em 20/05/2023 às 12h32
Considerada por muitos como um procedimento corriqueiro e necessário no tratamento dentário, a extração dos dentes do siso é uma cirurgia e como tal deve ser cercada de cuidados para evitar complicações que podem levar à morte em casos mais graves.
Foi o que aconteceu com uma jovem de 23 anos de Leme (SP), que fez o procedimento e morreu uma semana depois por conta de uma infecção.
Marina Mesquita Silva, que estava com fortes dores, foi internada na segunda-feira (15) com um quadro de celulite facial, que é uma infecção aguda, e abscesso dentário pós-extração de siso, que é uma infecção bacteriana que causa acúmulo de pus. Ela chegou a ser intubada, mas não resistiu e morreu na quarta-feira (17).
O g1 ouviu o cirurgião dentista Mario Henrique Arruda Verzola, especialista em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial e professor de cirurgia da Unicep São Carlos (SP), que falou sobre orientações para antes e depois do procedimento.
Na reportagem você vai ver:
1 - Quando a extração do siso é indicada?
Quando o siso começa a sair, na maioria das vezes, ele atrapalha a arcada dentária por ter um tamanho incompatível com o restante dos dentes.
Segundo o cirurgião, a extração é indicada sempre que há o diagnóstico de que o siso está comprometendo outros dentes ou nervos.
“Uma vez diagnosticado que esse siso não vai ter espaço para nascer adequadamente e pode comprometer dentes vizinhos ou outras estruturas como nervos, já se solicita a extração. Mesmo aqueles dentes que não nasceram, que muitas vezes está incluso, está dentro do osso, mas mesmo assim está passível de ter problemas infecciosos”, afirmou.
As infecções dentárias podem ultrapassar a camada óssea, chegar ao músculo e se espalhar para outras partes corpo comprometendo o coração, pulmão e traqueia, entre outros órgãos.
O especialista orienta a buscar a avaliação de um dentista o mais rapidamente possível. O ideal é que o dente seja removido antes de ter a raiz totalmente formada, normalmente antes dos 18 anos.
“Sempre buscar o atendimento antes de apresentar problema, porque quando você tem o problema instalado, a depender do grau da infecção, você vai tendo mais dificuldade. Quanto mais tempo passar, mais raiz vai formando e, em tese, vai ficando mais difícil. Eu faço com uma analogia com uma árvore: você está vendo uma muda no lugar errado, você vai esperar ela crescer, enraizar, estourar toda a calçada para depois tirar ou retirar assim que ver que está no lugar errado”, afirmou.
2 - Quais possíveis complicações da extração do siso?
Além de risco de sangramento e infecções, inerentes a qualquer cirurgia, a extração do siso pode apresentar outras complicações.
No caso dos sisos superiores, pode haver um comprometimento da comunicação entre a boca e o seio maxilar, que forma a cavidade nasal. “Isso exige que o profissional feche adequadamente a região e não oriente o paciente a não assuar o nariz, não espirre de boca fechada para que não venha abrir de novo”, explica o cirurgião.
No caso dos sisos inferiores, há riscos de fratura de mandíbula, lesão a nervos, sobretudo em casos de raízes bem desenvolvidas.
Por conta de todos esses fatores é o dentista que deve indicar quantos dentes devem ser retirados em cada procedimento.
“Existe uma série de fatores que vai determinar se você vai fazer a cirurgia em mais procedimentos ou consegue fazer tudo de uma vez só. Nos dois casos há vantagens e desvantagens”, afirmou o especialista.
3 - Quais os cuidados antes e depois da remoção do siso?
A extração do siso demanda uma série de cuidados pré e pós-operatório de paciente e dentista. Veja algumas, segundo o especialista:
Trabalho conjunto
De acordo com Verzola, a boa realização da extração do siso é um trabalho conjunto e depende tanto do paciente quanto do profissional.
“É uma responsabilidade compartilhada. O paciente precisa entender que não é um procedimento banal, procurar um profissional com capacidade e seguir rigorosamente aquilo que for orientado. E o profissional deve assumir a responsabilidade dele de acompanhar e estar à disposição do paciente até que haja total cicatrização.”