Festa de casamento em cemitério impediu enterro em Sabará e causou revolta

Publicado por Tv Minas em 30/05/2023 às 11h42

Fonte: O Tempo

Família denuncia que teve velório negado por falta de horário, mesmo já tendo comprado jazigo do cemitério.

A celebração de um casamento comunitário no Cemitério Parque Terra Santa, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesse domingo (28), não foi um momento só de celebração. Enquanto casais festejavam o amor, outras famílias lamentavam a perda de um ente querido sem poder usar o cemitério para o velório. Essa é a denúncia da empresária Keila Tamashiro, que diz que, mesmo tendo pago jazigo no local, teve o velório do seu tio negado por “falta de disponibilidade”. 

“O evento aconteceu no mesmo espaço que é destinado a velórios. Então, nós ficamos indignados, porque parte da terra pertence a nós e fomos vetados de usar. É como se dissessem: ‘você não vai entrar na sua casa, porque várias pessoas vão estar lá’”, diz Keila. Segundo ela, a família tem dois jazigos no cemitério, mas, mesmo assim, por um telefonema, ela foi avisada de que não poderia enterrar seu tio David Rabelo nesse domingo (28). 

“Meu tio morreu às 2h do domingo, ele já estava lutando contra um câncer e em estagio terminal. Então, nós estávamos tranquilos com relação à passagem, sabendo que haveria o espaço para ele no cemitério, com uma cerimônia acolhedora”, continua a empresária. O desespero veio depois da negativa. “Eu liguei de madrugada e recebi a informação de que não haveria horário. Desconfiei, porque não é um cemitério tão cheio assim. Foi quando vi que haveria o evento, no mesmo lugar do velório”.

Keila desejava enterrar o tio  em um dos jazigos da família. Tanto sua mãe, pai e um neto tiveram o velório realizado naquele cemitério. “Compramos o jazigo lá porque conhecemos o local, sabemos que é um velório aconchegante, agradável, e onde já temos familiares (enterrados) . Mas, mesmo tendo comprado o jazigo, não tivemos escolha”, lamenta. 

Com a negativa, a família procurou um cemitério público e diz ter aberto mão da cerimônia de luto que o parente merecia. “Quase que não achamos, porque foi difícil a disponibilidade. No cemitério público, tivemos apenas duas horas com o corpo, muitas pessoas não conseguiram se despedir porque vieram do interior ou do trabalho, e não deu tempo. Isso foi muito dolorido”, conta. 

De acordo com a empresária, o desconforto com o velório frustrado vai se repetir daqui a três anos. “Quando eu fui levar os papéis na administração do cemitério público, onde consegui vaga, disseram que daqui a três anos a ossada do meu tio vai ser retirada do cemitério, ou seja, vamos ter que viver o trâmite funerário todo de novo”, diz. “Será como repetir a dor. Sem contar com o custo desnecessário. Nós estamos muito tristes e vamos entrar com processo”, avisou. 

Terra Santa Cemitério Parque será palco de casamento  - Foto: Terra Santa Cemitério Parque/DivulgaçãoTerra Santa Cemitério Parque.

 

O que diz o Cemitério Parque Terra Santa 

O Cemitério Parque Terra Santa e a Metropax, empresa de serviços funerários e assistência familiar, informaram que “não houve nenhuma solicitação de serviços para velório ou enterro na data de 28 de maio, no Parque Terra Santa – quando ocorreu o casamento comunitário no local”. 

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