Nota de R$ 200 vai ajudar a preservar o lobo-guará, apostam biólogos

Publicado por Tv Minas em 04/08/2020 às 14h46

Imagem do animal vai estampar as cédulas, que serão lançadas este mês. Cerrado mineiro é habitat da espécie em extinção.

 

O lobo-guará ganhará o título de espécie da fauna mais valorizada no bolso dos brasileiros ao ter a sua imagem estampada na nova cédula de R$ 200, que entrará em circulação no fim do mês. O anúncio da nova cédula pelo Banco Central, feito em 29 de julho, ao mesmo tempo em que foi alvo de brincadeiras e memes que “bombaram” nas redes sociais, foi comemorado pelos ambientalistas por despertar a consciência para a preservação da espécie, ameaçada de extinção e que tem muita ligação com o cerrado mineiro.

 

O Parque Nacional da Serra da Canastra, onde fica a nascente do Rio São Francisco, no Centro-Oeste do estado, é importante hábitat da espécie. O lobo-guará também é atração turística no Santuário do Caraça, no parque nacional homônimo, situado na Serra do Espinhaço, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, na Região Central do estado.

 

De acordo com o biólogo e especialista em canídeos Rogério Cunha de Paula, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estimativas apontam a existência de 24 mil lobos-guarás no Brasil, quantidade preocupante quando se fala em reprodução. "Menos da metade deles consegue se reproduzir, pois grande parte dos indivíduos são jovens ou idosos. Desse total, menos de 5% vivem em ambientes conservados, ou seja, a maioria está em locais impactados pela ação humana", afirma o especialista.

 

Pesquisa desenvolvida pelo biólogo no Parque Nacional da Serra da Canastra indica que a região da nascente do Rio São Francisco tem a maior densidade da espécie em toda a América Latina. A estimava é de que existam 120 lobos-guarás somente dentro do Parque da Canastra e outros 35 no entorno dessa área, totalizando 155 animais na região da nascente do Velho Chico.

 

Por ser uma espécie predominantemente de áreas abertas e campestres, o lobo-guará tem grande presença nas áreas protegidas do cerrado, ocorrendo também em muitas partes conservadas de mata atlântica, explica o representante do ICMBio. Mas, devido ao desmatamento, o animal buscou refúgio em outras áreas, sendo encontrado na “periferia do bioma amazônico” e em terras mais altas do Pantanal. Nos Pampas, a espécie se encontra praticamente extinta”.

 

 

Equilíbrio

 

“O lobo-guará é um agente dispersor de espécies nativas do cerrado (frutíferas). O animal equilibra a cadeia alimentar no cerrado e, mais importante, a sua presença indica que temos um bioma preservado”, afirma Mário Lúcio dos Santos, supervisor da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade Alto Médio São Francisco (URFBio/ AMSF), do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

 

Ele lembra que o lobo-guará é uma espécie muito ameaçada, sobretudo pela redução do seu hábitat, por conta do desmatamento. “O cerrado vem sendo substituído pelo plantio de soja e outras monoculturas e também (é derrubado) para a produção de carvão. Isso gera uma pressão sobre a população do lobo-guará e faz com ela esteja criticamente ameaçada”, alerta Mário Lúcio.

 

 

Exemplar da espécie em uma das aparições que encantam turistas no Santuário do Caraça há três décadas.

 

 

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