Roblox: Gastos de crianças na plataforma de jogos vão parar no Procon

Publicado por Tv Minas em 07/01/2021 às 20h53

Fonte: G1

Prejuízo aos pais: famílias gastaram entre R$ 400 e R$ 750, mas há registros de compras de até R$ 30 mil. 

 

No Reino Unido, uma família virou notícia depois que uma criança de 11 anos gastou mais de R$ 30 mil no cartão dos pais na plataforma de jogos "Roblox" em julho.

 

A história contada por Steve Cumming, de 72 anos, chocou muita gente e até fez a plataforma estornar o valor. Mas o nome da empresa aparece na fatura de muitas famílias, em proporções menores é claro, ao redor do mundo.

 

Nesta semana, o G1 explica "Roblox": o que é, como se tornou um fenômeno, os lucros de criadores que fazem parte da comunidade e os prejuízos de pais que tiveram até de procurar o Procon.

 

No Brasil, as transações em dinheiro no "Roblox" também acontecem. Renato Neves, de 14 anos, passa, em média, oito horas por dia na plataforma de jogos.

 

Ele joga "Obby’s", de simulação de parkour, e outros jogos de carros, e já gastou R$ 400 comprando itens limitados, daqueles que só ficam disponíveis por um tempo, sem segunda chance. "Sei que, no futuro, irão ficar caros e raros", ele diz.

 

Deborah Soares Viggiano Nogi, de 37 anos, e a filha, Anna Júlia Viggiano Nogi, de 7, também gastaram cerca de R$ 400 com Robux (nome da moeda usada na plataforma).

 

“A Anna costuma comprar acessórios para o avatar e itens de jogos. Ela usa o dinheiro que ganha no dia das crianças e aniversário. Às vezes, compramos sem ser o dinheiro dela quando tem algum evento especial no jogo”, conta a mãe.

 

 

Robux em alta: Veja quanto vale seu dinheiro no Roblox.

 

 

Os gastos com Robux aumentaram na pandemia, quando a menina passou a jogar mais intensamente: nos últimos meses, foram 10 horas diárias no Roblox, com amigos, sozinha e com a mãe.

 

O que se compra com o Robux não aumenta a performance nos jogos, mas deixa a experiência mais única. Os jogadores costumam comprar roupas, acessórios, novos rostos para os personagens, danças, movimentos, equipamentos e todo tipo de penduricalho para deixar o ambiente personalizado.

 

Em alguns jogos, é possível comprar mais do que em outros. Em "Adopt me!", um dos mais famosos, dá para gastar decorando a casa e customizando os pets, por exemplo.

 

As oito, dez e até 12 horas por dia no Roblox também têm a ver com Robux. Dá para ganhar a grana virtual realizando algumas tarefas, cumprindo desafios e até criando cenários no jogo.

 

 

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Quando o dinheiro é demais


Algumas transações são autorizadas pelos pais, outras acontecem por uma combinação cara de fatores: crianças querendo comprar, jogo querendo vender, cartão de crédito cadastrado na plataforma e falta de controle.

 

Segundo Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon de São Paulo, o serviço registrou 24 pedidos de ajuda por gastos excessivos no cartão com o Roblox feito por crianças e adolescentes sem supervisão dos responsáveis.

 

O coordenador financeiro Rodrigo Bernardo, 40 anos, é dos pais que levou um susto ao receber SMS do banco. Seu filho de seis anos, Samuel, gastou R$ 750 comprando 22.500 Robux. Isso aconteceu em março.

 

Ao G1, ele conta que abriu um chamado para cancelamento e estorno para a Microsoft, dona do Xbox em menos de 24 horas após a compra. Sem resposta, fez uma reclamação no site Reclame Aqui, mas também não foi atendido.

 

O chefe de gabinete do Procon-SP disse que reclamações com a do Rodrigo têm crescido no estado. 20% dos pedidos de ajuda registrados no órgão foram feitos em setembro.

 

O Procon notifica a empresa e alerta sobre a situação. Segundo Farid, em boa parte desses casos, o Procon tem conseguido estorno ou redução do valor.

 

As maiores críticas de pessoas nessas condições é a uma suposta falta de clareza, na plataforma, sobre o valor dos itens comprados e à dificuldade de conseguir contato com a empresa.

 

“Na hora do pagamento, deveria aparecer bem grifado o valor, com uma fonte mais visível. Tem que aparecer na tela porque, quando veio a solicitação de pagamento, não tinha informação de valor. E é muito difícil o contato com eles, não tem telefone ou outro meio para conversar”, relata Bernardo.

 

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